![]() |
Como eu já tinha comentado, os anos 70 foram os responsáveis por trazer a tona filmes corajosos e pessimistas. Filmes sujos, sem apelo comercial, violentos e corajosos, dentre os mais conhecidos estão Aniversário Macabro (1972), O Massacre da Serra Elétrica (1974), A Vingança de Jennifer (1978), Quadrilha dos Sádicos (1977). Entre os menos conhecidos está Amargo Pesadelo (Deliverance) de 1972.
O filme é baseado no livro de mesmo titulo, escrito pelo autor James Dickey, que também escreveu o roteiro do filme, adaptando a história, sem muitas alterações.
Demorou um tempão para eu conferir o filme, só conhecia pelo nome em que em dois filmes é citado. Em Pânico na Floresta, antes dos personagens invadirem a casa dos mutantes, um dos personagens pergunta: "Você já viu um filme chamado Deliverance?", em A Bruxa de Blair, depois de entrarem na floresta, Mike pergunta para Heather: "Você já viu Deliverance?". Isso já mostra que Amargo Pesadelo tinha sido um dos pioneiros a mostrar sobreviventes em lugares afastado na civilização, tendo que enfrentar o desconhecido. e mesmo tendo inspirado vários outros filmes com o mesmo tema, continua se destacando como um dos melhores nesse estilo.
A história é simples e direta, mas se desenvolve de forma espetacular, tensa e com um suspense gradual, onde os personagens se encontram em uma situação de vida ou morte, tendo que lutar para sobreviver.

Amargo Pesadelo segue o estilo dos filmes já citados, é tenso, sujo e pessimista. A tal cena do estupro é bizarra e crua ao extremo, embora seja quase cômica pela situação apresentada na tela, é impactante da mesma forma. O jeito como o diretor filma as cenas é outro destaque, a câmera fica muito próximo aos personagens, fazendo o público testemunhar tudo quase do mesmo ponto de vista que os personagens. Nas cenas em que os personagens descem o rio é como estar dentro da canoa, junto com eles, embaixo da água, no penhasco... São poucas as cenas em que a câmera mostra os personagens num ângulo afastado, quando faz é só para mostrar a imensidão da selva em que eles se encontram.
Os atores estão ótimos em cena, Burt Reynolds se destaca, tanto o ator quanto o personagem tem uma grande presença de cena. Jon Voight despensa comentários, ele até chegou a ser indicado ao Globo de Ouro de melhor ator pela atuação nesse filme. O filme teve 3 indicações ao Oscar, melhor filme, melhor direção e melhor edição.
![]() |
Há alguns problemas no desenvolvimento, como o personagem Bobby, que mesmo depois de estuprado e humilhado reage a situação de forma completamente normal, sem nenhuma carga dramática sendo que o mais certo seria se o personagem ficasse perturbado, em choque ou revoltado, age como se nada tivesse acontecido. Embora esse detalhe não chegue a ser um defeito do filme, poderia ter sido trabalhado com mais cuidado.
Outro ponto que não me agradou foi o terceiro ato e o desfecho da história, que mesmo sendo conclusivo não me pareceu completo. Por mim a parte da investigação e possível descoberta dos corpos deveria ter ficado de fora. No meio de várias qualidades e alguns defeitos o filme merecia sim mais reconhecimento. Faz parte da boa safra de filmes dos anos 70. Uma boa pedida!
Postado por: Marcelo