Aviso: Esta crítica possui revelações importantes sobre
a história do filme. Se ainda não o viu, não leia!
Em
1968, o renomado diretor Roman Polanski dirigiu um dos maiores
clássicos do terror de todos os tempos: O
Bebê de Rosemary.
Conhecido pelo clima pesado e pelo suspense psicológico, o filme se
tornou um marco na história do cinema. Estrelado por Mia Farrow no
papel da Rosemary, o longa – baseado no livro de Ira Levin -, conta
a história de um casal, Rosemary e Guy Woodhouse, que se mudam para
um novo apartamento em Nova York, onde pretendem construir sua vida.
Guy é ator e ultimamente não vem ganhando muitas oportunidades de
trabalho. Quando misteriosamente fica grávida, Rosemary nem imagina
que seu filho é o herdeiro de Satã, e que todos em sua volta fazem
parte de um culto satânico para a vinda do filho do Anticristo.
Agora,
mais de 45 anos desde o lançamento do filme, uma minissérie de 2
episódios com 1 hora cada foi produzida pela NBC. Dessa vez, a
talentosa Zoe Saldana pegou o papel de Rosemary em uma reiventação
da clássica história de Ira Levin, dessa vez deixando Nova York por
Paris, França.
Três
meses após perder seu bebê, Rosemary Woodhouse (Zoe Saldana) e seu
marido escritor Guy (Patrick J. Adams) se mudam para Paris. Com um
contrato com uma editora, Guy tenta escrever seu livro, porém,
acabou ficando com um bloqueio criativo após a perda do bebê.
Quando conhece Margoux Castevet (Carole Bouquet), uma socialite
francesa que a convida para uma festa, Rosemary e Guy veem sua vida
mudar. Margoux e seu marido Roman (Jason Isaacs) parecem ser uma luz
no fim do túnel. Porém, com o passar dos dias, Rosemary percebe que
com esmola demais, se desconfia.
Apesar
de não ter sido criada pras telonas, essa adaptação de O
Bebê de Rosemary
foi, sem dúvidas, uma das produções mais aguardadas do ano. Todos
estavam apreensivos para assistir essa reinventação, por motivos
que – pra mim – óbvios. Além de ter a bela Zoe Saldana
liderando o elenco composto por Carole Bouquet (ex-Bond Girl) e Jason
Isaacs (Harry
Potter),
ainda tinha a diretora indicada ao Oscar pelo drama In
Darkness.
Porém, tenho que admitir que o remake não aquilo que esperávamos,
apesar das expectativas não terem sidos muito altas por ser um
remake.
Zoe
Saldana nos entregou uma interpretação incrível que acho que Mia
Farrow aplaudiria de pé. Todos sabemos que Rosemary é um papel
difícil de interpretar por conter uma carga dramática gigante. Mas
Zoe matou essa em menos de 1 segundo, demonstrando a delicadeza e
inocência de Mia Farrow em 1968 junto com a força da mulher
moderna. Sem dúvidas, Zoe foi a melhor coisa que aconteceu nessa
produção.
O
roteiro foi assinado por Scott Abbott e James Wong. Isso mesmo. James
Wong. Wong escreveu Premonição (2000) e Premonição 3 (2006),
além de ser escritor presente de alguns episódios da série
American
Horror Story.
Mas, confesso que fiquei meio decepcionado. Os filmes de Wong são,
no mínimo, divertidos (Natal Negro
pode não ser bom, mas te dá boas risadas.) Achei que, nesta
adaptação, eles mudaram muita coisa. Tipo, muita coisa mesmo. Tanto
que acabou ficando desnecessário.
Isso
sem falar do Satã. Aquela criatura abominável com olhos
assustadores e garras asquerosas que estuprou Mia Farrow em 1968 foi
substituída por um ator com lentes de contatos mais azuis que o tema
inicial do Windows 7. Essa foi uma das minhas primeiras decepções
em relação ao longo.
Além
de terem cortado várias cenas (a série foi divulgada com 4 horas de
duração, tendo somente 2:50) que poderiam ter funcionado pelo menos
como homenagem ao longa de Polanski, os roteiristas ainda deformaram
um pouco a história, deixando-a parecida com os filmes de terror sem
graça de hoje em dia, apelando para sustos previsíveis e um pouco
de gore. Isso mesmo. Gore. O brilhante terror psicológico construído
no filme de 68 foi tensionado em uma corda bamba com o gore dançando
acima dele.
Como
Sidney Prescott em Pânico 4,
“nunca se destrói o original.” Essa é a expressão perfeita
para descrever essa produção. Começa indo bem, só que decai ao
decorrer dos episódios, nos entregando um final calmo e curto –
diferente do filme original -, e ainda destruindo o suspense do desfecho do filme que
Roman Polanski quis deixar aberto por décadas.