ATENÇÃO! O texto abaixo contém spoilers sobre o enredo do filme.
Um filme de terror com histórias de fantasmas ou
demônios que perseguem crianças já está batido há tempos. Atividade Paranormal, Possessão
e Mama são alguns exemplos recentes. E
agora, podemos adicionar The Babadook
na lista. Porém, vou logo avisando: sem dúvidas, este filme é um dos triunfos
desse ano que vem enfrentando o excesso de péssimos filmes.
O filme australiano explora a história de Amelia (a
talentosa Essie Davis) e seu filho Sam (Noah Wiseman), que perdeu o pai de uma forma violenta sete
anos atrás. O terror começa quando o garoto encontra um misterioso livro
infantil chamado “O Senhor Babadook” e acaba libertando uma terrível criatura.
Muitos não gostaram do filme, não entenderam o
final, achou “legalzinho”. Eu realmente gostei dele. Depois de um ano repleto
de decepções, foi bom achar um filme que realmente me interessasse, que
prendesse minha atenção do começo ao fim, um filme que digamos assim
assustasse.
O filme é totalmente sustentado por Essie Davis, que
dá um espetáculo de atuação no papel de Amelia. Sua personagem vive em
constante sofrimento pela perda do marido e pelo filho que não dá sossego a
ela. Dá realmente para sentir pena de Amelia pela atuação de Essie; sempre
amedrontada. Mas é somente no terceiro ato do filme que ela se solta e dá um
show de atuação. Eu fiquei realmente surpreso com o talento dessa atriz, que
até então nunca tinha ouvido falar.
[SPOILERS ABAIXO]
E por falar do terceiro ato, tentarei explicar para aqueles que não entenderam o final. Na última cena do longa, após o Babadook possuir Amelia, tentar matar Sam e ser derrotado voltando para o porão, nos é mostrado que ambos voltaram a ter uma vida normal. Mas uma pequena reviravolta traz Amelia indo até o porão com uma tigela de minhocas, para alimentar o Babadook.
Muitos não entenderam isso: o fato de Amelia “criar”
o Babadook como animal de estimação em seu porão. Pois então, entenda: O
Babadook é uma metáfora para todo o sofrimento e medo de Amelia, que vivia há
sete anos à sombra do luto. E como Sam falou no final do filme: “Não se pode se
livrar do Babadook”. Para alguns, é até coisa da mente de ambos.
Voltando umas cenas antes, no quarto, quando o
Babadook saía das sombras enquanto Amelia e Sam estavam na cama... Amelia
continuava gritando “Não é real! Não é
real!”, e com isso, o Babadook mais crescia. E vocês se lembram quando o
livro chegou remendado de volta para a casa de Amelia, com novas páginas? Uma
delas falava assim: “Quanto mais você
nega, mais forte vou ficar”.
Muitas vezes no filme, vemos os personagens
perguntarem a Amelia se ela está bem, e ela sempre dizia que estava bem, que
havia superado a morte do marido, porém todos sabemos que não era esse o caso.
E o Babadook era exatamente isso. O sofrimento de Amelia, que quanto mais ela
negava, mais forte ficava. E voltando para a cena do quarto, quando Amelia
finalmente criou forças para enfrentar o Babadook e falou “Você não é nada, esta é minha casa e você entrou nela sem ser convidado”
e ele voltou para o porão, ela havia enfrentado seus medos. E o fato dela
começar a criar o Babadook em seu porão é por quê ela finalmente aprendeu a
controlar os seus medos, para que os mesmos não a destruíssem nem a seu filho.
[SPOILERS ACIMA]
Para mim, um ponto baixo do filme foi a
caracterização do Babadook. Sinceramente, ele me assustava mais quando aparecia
em sombras, com aquelas mãos asquerosas e aquele barulho de inseto. Mas a
partir do momento em que apareceu o rosto dele, eu simplesmente ri. Parecia a
caracterização de um vilão do filme da Disney. Preferia que ele permanecesse em
sua forma desconhecida.
Por fim, tudo que eu tenho a dizer sobre The Babadook é que ele realmente me
surpreendeu. Não é um filme superficial, mas sim inteligente, uma verdadeira
reinvenção do gênero.