Então, galera, essa é a primeira resenha de um livro no blog e resolvi separar um romance bem especial. Em 1958, um escritor chamado Robert Bloch escreveu uma história de suspense envolvente. Um diretor chamado Alfred Hitchcock leu o livro e logo imaginou o sucesso daquela história nas telonas. Logo depois, comprou todos os exemplares do livro e guardou a sete chaves para que ninguém, ninguém mesmo, soubesse do final surpreendente. De início, as produtoras rejeitaram a proposta de Hitchcock, não levando muita fé na possível grande bilheteria.
Sozinho, o mestre do suspense resolveu continuar com o projeto e foi aí que nasceu um dos clássicos mais louvados de Hollywood. Hitchcock ficou ainda mais reconhecido, já Robert... Bom, Bloch ficou simplesmente "abandonado". O sucesso da adaptação foi tão estrondoso que Robert acabou ficando esquecido. O livro, porém, ainda continuou circulando, e no Brasil, nós tivemos uma chance de lê-lo graças à Editora Darkside, que relançou o clássico em 2013. Com pressa, comprei o romance no lançamento, e acabou saindo bem caro comparado ao preço atual, mas valeu o gasto, pois o livro é uma ótima leitura de suspense, principalmente àqueles que curtem o gênero.
“... Mary começou a gritar. A cortina se abriu mais e uma mão apareceu, empunhando uma faca de açougueiro. E foi a faca que, no momento seguinte, cortou seu grito.
E sua cabeça.”
No livro, somos introduzidos a dois núcleos que se chocam a partir dos capítulos. O primeiro é a história de Norman Bates, o dono de um motel que agora quase não tem clientela por causa da nova rodovia que desviou todos o clientes. Sua mãe é doente e vive trancada em seu quarto. O segundo núcleo é a história de Marion "Mary" Crane, uma jovem que rouba quarenta milhões de dólares para ajudar seu namorado a quitar uma dívida. Fugindo da sua cidade para fazer uma surpresa ao namorado humilde, ela descobre que errou o caminho e é forçada a passar uma noite no Bates Motel. O que vem a seguir é um espetáculo de reviravoltas e suspense criado magistralmente por Robert Bloch.
“... Norman se virou e caiu numa escuridão ainda mais densa e devoradora que a do pântano..”

“... Aquilo doía nos olhos de Norman e ele não queria olhar. Ele não precisava mesmo olhar, por que já sabia.
A Mãe tinha encontrado sua navalha...”
Mesmo tendo sido ofuscado pelo sucesso do filme, o livro de Robert Bloch mantém sua essência e ainda é melhor que a adaptação (julguem-me quem acha o contrário). Há um equilíbrio entre o terror explícito (como, por exemplo, no livro Mary é decepada, mas no filme ela é só esfaqueada) e o drama. Hitchcock criou uma obra maravilhosa? Criou, mas não superou Robert Bloch.
Resumindo o romance em alguns elementos: personagens bem construídos e resolvidos, suspense de primeira, reviravoltas chocantes e um carisma especial que nunca irá largar o leitor. Recomendo muito, muito mesmo, e tenho certeza que qualquer um que tiver a oportunidade de ler o livro (já tendo assistido ao filme ou não) terá uma experiência de uma viagem assustadora aos confins da mente humana.
por Neto Ribeiro