Há alguns anos, assisti um filme americano chamado Contracted. Na época, era um filme não muito conhecido entre as massas mas entre pequenos grupos de fãs de terror sabia-se da existência. É uma produção pequena e independente, uma nova visão no body-horror, subgênero que explora a degradação do corpo humano, como A Mosca (1986) e Cabana do Inferno (2002). Agora ele entrou na Netflix e eu acho que é válido comentar sobre o mesmo.
Acontece que Contracted é um puta filme nojento. Há piores que ele? Sim, existem filmes mais exagerados que podem te chocar 10x mais do que ele, mas é um filme simples e que cumpre sua tarefa. A trama é explorada sob o ponto de vista da Samantha (Najarra Townsend), uma moça que durante uma festa, é drogada e transa com um desconhecido e nos dias que se seguem, descobre que contraiu uma bizarra doença.

Primeiramente, é um filme interessante pois há uma óbvia relação com as DST's e pode te fazer realmente pensar duas vezes antes de fazer sexo sem camisinha, rs. Mas, como qualquer body-horror, o propósito de Contracted é fazer o público soltar arquejos de nojo em diversas cenas. A deterioração lenta de Samantha, uma moça muito bonita, chega a ser chocante e triste.
Creio que grande parte da efetividade do filme vem devido à direção de Eric England (Madison County), que sabe como conduzir principalmente as cenas em que Sam descobre feridas ou algo do tipo. Um exemplo é a cena em que Sam descobre que suas unhas estão caindo, puta que pariu que agonia.
O que eu achei legal do filme é que o roteiro se importa em desenvolver a protagonista, pois enquanto ela sofre, nós sofremos com ela. Neste quesito, o drama importa bastante pois não torna o que está acontecendo com ela algo explícito e gratuito. Há bastante comparações com um filme canadense chamado Tranatomorphose, que tem uma história semelhante, mas ainda não o conferi para tirar minhas conclusões e comparar nada.
Em contrapartida, os outros personagens são irritantes e as relações que Sam tem com eles atrapalham mais do que ajudam. Li em algum lugar que a ideia inicial de England era trazer uma premissa relacionada à perca da virgindade. Creio que seria um filme mais interessante, pois teria uma estética e uma abordagem mais diferente. Talvez até a mensagem do longa se destacasse ainda mais, pois aqui subentendemos que há uma certa alegoria com o estupro que a personagem sofreu no início, mas não há aprofundação no tema e isso acaba soando mais vago do que o necessário.
Muitos não gostaram de Contracted, mas por ser um filme simples e com uma boa direção, ele traz uma história de horror forte, com bons efeitos visuais e um desfecho surpresa, que embora mude toda a intenção e talvez interpretação da história, consegue surpreender. Há sim, muitos detalhes que poderiam ter sido melhorados, mas acho que os acertos prevalecem.
Para quem não sabe, o filme recebeu uma sequência, Contracted: Phase II, que se passa exatamente após o fim deste e acompanha o melhor amigo de Sam que transou com ela e adquiriu a doença. Ela é bem inferior, mais exagerada e que leva a história à patamares desnecessários, envolvendo epidemia e terrorismo.
Para quem não sabe, o filme recebeu uma sequência, Contracted: Phase II, que se passa exatamente após o fim deste e acompanha o melhor amigo de Sam que transou com ela e adquiriu a doença. Ela é bem inferior, mais exagerada e que leva a história à patamares desnecessários, envolvendo epidemia e terrorismo.