Seja qual for a ideia e o seu propósito,
no momento de sua execução é muito importante estar preparado para lógica que
rege todo o fundamento. Logo, de nada adianta ter um plano se o mesmo não construir
um bom desempenho. No caso de 7etenta e
5inco, a faca e o queijo estavam em mãos para fazer a coisa dar certo, pena
que não dá para ser eficiente a base da mesmice.
Lançado em 2007, o slasher segue o típico texto que já
cansamos de ver e rever diversas vezes com adolescentes em filme de terror. Dez
anos depois que uma terrível noite de massacre aconteceu, de repente os
sobreviventes começam a ser caçados um a um. Um final de semana com drogas,
bebidas, sexo, estupidez e trotes telefônicos pareciam ser os elementos perfeitos
para garantir a diversão dos jovens, até que o grande casarão que se encontravam
se tornou palco de um violento assassino munido com um machado e motivações
misteriosas.
Iniciando de um jeito brutal, tudo indicava que a abertura
tão sangrenta serial ideal para compreendermos os eventos atuais. Considerando o
mistério por trás de toda a matança, 7etenta
e 5inco foi apresentando um dos pontos mais fracos de sua narrativa: manter a
curiosidade para o que se sucedia. O problema foi a falta de engajamento para dar
um pouco de cadência, mas apesar do passado voltar para um acerto de contas,
o roteiro não estava disposto a contar sua história sem parecer medíocre.
Se de um lado as peças do quebra-cabeça coincidentemente se
formavam, do outro, parecia que tudo gritava a necessidade de ser um filme
genérico, o que mais uma vez influenciou negativamente na aura de suspense que
o filme pretendia passar. Dividido entre esses dois pontos, o objetivo era que
o enredo se tratava de um precursor afiado sustentando um suspense que logo
iria explodir com plot twist. De boas
intenções não passou.
Apelando para o que tinha para entregar como um slasher, o
longa provou não ser um total desperdiço, somando um misto de alívio para o tédio
que se tornara com um estilo imprevisível e contagiante do killer. Diante de tantas figuras nos inúmeros títulos do subgênero,
é muito fácil lembrar de vítimas sendo caçadas, fugindo desesperadamente
enquanto o réu se dirige a passos lentos e as alcança. Despertando até uma
sensação de humor, o encapuzado - bem parecido com o visual usado no filme Lenda Urbana -, aqui é quem correu desesperado, brutal e
violentamente contra quem que esteja em seu caminho - não que tenha sido o primeiro. Nisso, 7ententa e 5inco explorou o que tinha
de melhor, até pesar a mão.
Por mais que tenha ao menos entregado sequências exageradas
e dignas para proposta, não foi o suficiente para amenizar o pessimismo acompanhado
de personagens mal escritos que nem ao menos sobressaíram do contexto machista,
e apenas foram objetos do que a previsibilidade pedia. Mas nada se comparou ao
golpe baixo do elenco sem carisma, belos caricatos e pouco talentosos. Com
certeza, para o gran finale funcionar
precisaria do apoio dos mesmos, mas envolto num movimento corriqueiro para
fazer revelações, a direção optou por poupar takes e orçamentos para entregar o desfecho que parecia épico, que
na verdade serviu para comprovar o nível de ruindade da produção.
Passar trotes é uma brincadeira de mau gosto e covarde e
poderia ter sido um ótimo plano de fundo de um ótimo filme, mas que
infelizmente não obteve êxito para convencer. 7etenta e 5inco era o tempo limite para fazer o jogo acontecer, mas
nunca, nunca quando a ameaça tocar a campainha apague as luzes de casa para atender
a porta.

Título: Dead Tone / 7eventy 5ive
Ano: 2005Duração: 98 minutos
Direção: Brian Hooks, Deon Taylor
Roteiro: Brian Hooks, Deon Taylor