Que o clichê está em tudo não é mais novidade - mesmo em obras elogiadas a coisa escapa um pouco -, mas para nós, amantes do terror, já se tornou lastimável. Salvando-se os filminhos indie, na maioria das vezes esbarramos em filmes tradicionais que não cansam de ficar na mesmice.
Por que repetir tanto como se fosse a primeira vez? Não sei a resposta, mas venha se divertir relembrando os clichês
irritantes que você não aguenta mais ver!
Pobres cachorros
![]() |
Harry, o cão da família no filme Horror em Amityville (2005). |
Há quem diga que o melhor amigo
do homem enxerga o sobrenatural e sente presenças além de muitas
pessoas. Por isso, não é à toa que tanto no gênero do terror quanto no suspense, os cachorros fazem a mera participação de gemer para câmera em sinal
de que tem algo maligno no recinto, enquanto o dono nem desconfia -
como no recente Morte Instantânea (2019).
Tudo bem se fosse só para esse
fim, mas já reparou que os queridos dogs não duram até o final do filme? O
próprio Harry que ilustra essa primeira parte do texto é um exemplo de uma
vítima da trama sinistra que fez parte. Outro filme com temática envolvendo
família que trouxe morte ao cão é Invocação do Mal (2013) - aí corta para as
cenas típicas da procura do animal perdido, até chegar na parte mais inesperada
da casa e encontrar o bicho brutalmente morto.
Parece que quanto mais se pensa
no assunto mais nomes surgem, então podem ser citados aqui filmes como: A
Visita (2015), 7 Desejos (2017), Ao Cair da Noite (2017) e O Babadook (2014).
Por que simplesmente não deixam os cães em paz?
Para onde correr?
A imagem que ocupa a capa desse
texto pertence à cômica abertura do filme Todo Mundo em Pânico (2000), e
ela representa muito bem as inúmeras sequências de perseguições em que a
personagem em perigo não sabe o que fazer. Mais presente nos slashers, o
nervosismo é inevitável depois de ver alguém morrer por burrice.
O assassino vem em disparada
pronto para derrubar a vítima, e o que ela faz: A) corre para a porta do fundo, B) Sobe as escadas, C) Se tranca no banheiro ou D) Se tranca no quarto e tenta
pular a janela? Das quatro alternativas, a primeira é a única que raramente
acontece, e se calhar, o psicopata já espera na saída ou a moça (na maioria dos casos) tenta pegar uma
faca rápida na cozinha para tentar brigar. O resto é se trancar no banheiro
mesmo e quando tenta se trancar no quarto é quando o assassino já se encontra do lado de fora forçando a porta ao mesmo tempo em que o personagem que a gente torce para sobreviver empurra alguma cômoda para
barrar a entrada.
Falando em escadas, dá para matar
mais uma trivialidade num só tópico com mais um clichê emblemático quando os personagens
correm para escapar da ameaça já caindo com a cara no chão. É de praxe: quando se trata de
fugir, é lerdeza que teremos, porque descem e sobem escadas desmoronando, depois nem
tentam levantar, mas se arrastam enquanto esperar o mascarado dar o último
golpe.
Só porque você precisa, não tem
Pegando de novo o exemplo de
Morte Instantânea, é mais um daqueles filmes que trabalha com o óbvio em cima da sua
premissa. Para uma mitologia que se embasa no fator "escuridão" para
incrementar o enredo, seria demais tentar algo criativo como em Quando as Luzes se Apagam (2016)? Mas parece que o ideal era forçar mesmo com a ausência de luz
para o terror se fazer presente.
Logo, coisas irritantes como
personagens simplesmente andando em lugares escuros (mesmo sabendo que deveriam
evitar) e claro, com lanternas em mãos, indicam que querem morrer de fato,
seguindo apenas a lógica do que não teriam como sobreviver caso atacados.
![]() |
Cena do filme No Cair da Noite |
Outros títulos que seguem a regra do escuro é No Cair da Noite (2003) e Não Tenha Medo do Escuro (2010). É só manter tudo aceso que tudo ficará bem... Longe desse universo com advertências estabelecidas, a falta de energia é tão habitual que tudo indica ser padrão quando o perigo está à espreita: a luz tem que cair, o telefone ser cortado, sinal de celular sumir, para assim os mocinhos serem entregues à morte.
Esse é o caminho certo?
Assim como temos personagens em lugares escuros, há também os que procuram os lugares mais inusitados só para soltar um "Hello, it's me"... Brincadeiras à parte, como não perder a paciência quando vão para o porão falar "olá?" ou andam pela casa silenciosa, escura, vazia, perguntando "quem está aí?"? É realmente um saco, mas como o clichê nunca se cansa, esse será um mal que veremos se repetir muito.
A polícia, os jovens detetives e espelhos
Quando acontece do sinal do celular funcionar e a polícia ser finalmente acionada, sempre há o que torna sua participação uma total perda de tempo. Na primeira opção, os oficiais aparecem no final do filme, apenas para encontrar os sobreviventes. A segunda é mais frustrante: os homens da lei até chegam (incrivelmente rápido) depois que recebem o pedido de socorro, mas a versão da vítima é simplesmente enfraquecida pelos argumentos do opositor e em quem a polícia acredita? Isso mesmo, no bad guy.
A última é quando a vítima até consegue o apoio das autoridades, mas o vilão surge e mata os policiais sem maiores dificuldades.
Há também os casos de quando as autoridades não são convidadas para a dança - nisso os próprios adolescentes utilizam seus dons investigativos, incorporam os detetives e unicamente dando uma pesquisada no Google ou indo até a biblioteca descobrem o mistério de 20 anos em 20 minutos (ou menos). Não há dúvidas de que todas as peças do enigma se encaixam nesse momento.
A última é quando a vítima até consegue o apoio das autoridades, mas o vilão surge e mata os policiais sem maiores dificuldades.
Há também os casos de quando as autoridades não são convidadas para a dança - nisso os próprios adolescentes utilizam seus dons investigativos, incorporam os detetives e unicamente dando uma pesquisada no Google ou indo até a biblioteca descobrem o mistério de 20 anos em 20 minutos (ou menos). Não há dúvidas de que todas as peças do enigma se encaixam nesse momento.
![]() | |||||||
Joey King como a protagonista Wren em Slander Man: Pesadelo Sem Rosto (2018) |
De tantas formas para o mal se manifestar, nem mesmo ir ao banheiro, atividade básica do nosso dia a dia, é um lugar de paz numa casa em filmes de terror. A pessoa está lá, escovando os dentes, a câmera dá uma volta no ambiente, retorna para o personagem e, no momento em que irá erguer a cabeça, encerra a escovação, guarda o objeto no armário e, ao fechar a pequena porta, o jumpscare entra em cena. É comum ver também o namorado chegando por trás e ainda perguntando "te assustei?".
O Sessão do Medo quer saber: qual clichê você não aguenta mais ver? Nos conte o que te irrita nos filmes de terror!
O Sessão do Medo quer saber: qual clichê você não aguenta mais ver? Nos conte o que te irrita nos filmes de terror!